A Virada Elétrica: Por Que a Maioria dos Motoristas Escolherá um Carro Elétrico até 2035 e o Impacto no Brasil
A paisagem automotiva global está em plena transformação, e o ronco dos motores a combustão dá lugar a um silêncio promissor, pontuado apenas pelo suave zumbido dos veículos elétricos. Se em 2025 essa realidade ainda parece distante para muitos, uma projeção ousada da renomada consultoria Accenture aponta que, nos próximos dez anos – ou seja, até 2035 –, cerca de 57% dos motoristas ao redor do globo terão um carro elétrico em sua garagem. Essa não é apenas uma previsão; é um reflexo das tendências já consolidadas e dos avanços tecnológicos que estão redesenhando a mobilidade elétrica em escala global, com implicações profundas para o Brasil.
Aceleração Inevitável: O Cenário Global de 2025
Em 2025, o mercado de veículos elétricos (VEs) continua sua trajetória de crescimento exponencial. Os dados de anos anteriores servem como um balizador claro: em 2023, o mundo viu a venda de impressionantes 14 milhões de unidades de VEs. Já em 2024, entre janeiro e outubro, o Brasil sozinho registrou a venda de mais de 51 mil carros elétricos – um salto notável se comparado aos 19 mil emplacamentos de todo o ano de 2023. Esse quase triplo de vendas em apenas um ano é um testemunho da rápida aceitação e da amadurecimento do mercado nacional. A projeção da Accenture, baseada em uma pesquisa abrangente com 6.000 consumidores em mercados-chave como Estados Unidos, Itália, Alemanha, França, China e Japão, revela que quase metade (47%) dos motoristas já está convencida de que o futuro pertence aos veículos elétricos. Este consenso global não apenas valida a tendência, mas também a impulsiona.

As Motivações por Trás da Escolha Elétrica
Por que tantos motoristas estão dispostos a fazer essa transição? As razões são multifacetadas e vão muito além de uma simples moda.
Economia e Custo-Benefício:
Para muitos, a principal atração reside no bolso. A experiência do médico Eduardo Campelo, que trocou um SUV a combustão por um hatch elétrico no estado de Pernambuco, é emblemática. “O principal fator que me motivou a comprar um veículo elétrico foi a economia de combustível e de IPVA, uma vez que Pernambuco tem isenção total”, relata. Essa economia de custo-benefício carro elétrico se manifesta em diversas frentes:
Combustível vs. Eletricidade: O custo da eletricidade por quilômetro rodado é significativamente inferior ao da gasolina ou etanol, especialmente se o carregamento for feito em casa, durante a noite.
Incentivos Fiscais: Em muitos estados e municípios brasileiros, os VEs já gozam de isenções ou reduções no IPVA, e em algumas cidades, até mesmo no rodízio de veículos. Estes incentivos fiscais veículos elétricos são um poderoso catalisador.
Manutenção Simplificada: Motores elétricos possuem muito menos peças móveis do que motores a combustão. Isso se traduz em uma manutenção carro elétrico mais simples, menos frequente e, consequentemente, mais barata. Não há trocas de óleo, velas ou filtros de combustível, por exemplo.
Sustentabilidade e Consciência Ambiental:
Em um mundo cada vez mais preocupado com as mudanças climáticas, a sustentabilidade automotiva se tornou um fator decisivo. Veículos elétricos não emitem poluentes locais (como CO2, óxidos de nitrogênio e partículas) no ponto de uso, contribuindo para a melhoria da qualidade do ar nas cidades. Embora a produção das baterias e a origem da eletricidade ainda gerem debates sobre o impacto ambiental carro elétrico em seu ciclo de vida completo, a balança pende a favor dos VEs, especialmente quando a energia utilizada para recarga provém de fontes renováveis. O Brasil, com sua matriz energética predominantemente limpa, tem um potencial enorme para maximizar esse benefício ambiental.
Performance e Experiência de Condução:
A experiência ao volante de um VE é singular. O torque instantâneo proporciona acelerações rápidas e suaves, sem a necessidade de trocas de marcha. O silêncio a bordo é um luxo, transformando a condução em uma experiência mais relaxante. Além disso, a distribuição de peso das baterias no assoalho do veículo confere maior estabilidade e um centro de gravidade mais baixo, aprimorando a dirigibilidade.
Avanços Tecnológicos e Autonomia:
A tecnologia bateria VE está em constante evolução. Modelos mais recentes oferecem maior densidade energética, o que se traduz em uma autonomia carro elétrico cada vez maior, aliviando a “ansiedade de alcance” que antes era uma barreira para muitos. Além disso, a velocidade de recarga tem aumentado consideravelmente, com estações de carga rápida se tornando mais acessíveis.
O Papel Crucial das Montadoras e a Pressão Regulatória
A transição para a eletrificação não é impulsionada apenas pela demanda dos consumidores, mas também por uma forte pressão regulatória global. “A eletrificação é inevitável, porque as montadoras precisam cumprir as metas de emissão de poluentes impostas nas várias regiões do mundo, que são cada vez mais rigorosas”, explica Campelo. Governos em todo o planeta estão estabelecendo prazos ambiciosos para a proibição da venda de veículos a combustão, forçando as fabricantes a investir pesadamente em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias elétricas e híbridas.

As fabricantes de automóveis, como apontado pela Accenture, precisam focar nas necessidades dos consumidores de VEs. Isso significa não apenas produzir carros elétricos, mas também desenvolver uma infraestrutura de suporte e serviços. Em 2025, vemos um fluxo contínuo de lançamentos de novos modelos, desde hatches compactos até SUVs robustos e veículos comerciais, todos eletrificados. A competição acirrada, com a entrada de novas marcas chinesas e a eletrificação agressiva de montadoras tradicionais, tem sido um motor para a inovação e para a democratização do acesso a essa tecnologia.
Brasil em Foco: A Revolução Automotiva no Cenário Nacional
O Brasil, com sua vasta extensão territorial e sua matriz energética peculiar, apresenta um cenário único para a eletrificação. Embora tenhamos presenciado um crescimento notável nos últimos anos, a jornada ainda é longa.
Números e Tendências:
Os dados de 2024 (51 mil VEs vendidos entre janeiro e outubro) e 2023 (19 mil emplacamentos) demonstram um crescimento exponencial. Em 2025, essa curva ascendente se mantém, impulsionada pela chegada de mais modelos acessíveis e pela expansão de programas de incentivo. A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) projeta que o mercado continuará a dobrar ou triplicar anualmente em um futuro próximo.
Onde o Brasil Lidera:
O estado de São Paulo, com 8,7 mil novos veículos elétricos emplacados desde 2022 (dado original atualizado para o contexto de 2025), continua a ser o epicentro da eletrificação no Brasil, concentrando a maior parte das vendas e da infraestrutura de recarga. Cidades como Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Curitiba também mostram um crescimento significativo, refletindo a expansão gradual da rede de carregamento e a conscientização dos consumidores.
Desafios e Oportunidades:
Infraestrutura de Carregamento: A expansão da infraestrutura carregamento é vital. Embora haja um crescimento constante, ainda é um desafio garantir pontos de recarga em todas as rodovias e em áreas remotas. O desenvolvimento de redes de carregamento rápido e a facilitação da recarga VE residencial são cruciais para a adoção em massa. Investimentos em estações públicas, shoppings, supermercados e estacionamentos são cada vez mais visíveis.
Preço de Aquisição: O custo inicial de um VE ainda é superior ao de um carro a combustão equivalente. No entanto, a tendência é de queda, impulsionada pela economia de escala na produção de baterias e pela entrada de modelos mais competitivos. Programas de financiamento carro elétrico específicos e subsídios governamentais podem acelerar essa democratização.
Disponibilidade de Modelos: A variedade de VEs no mercado brasileiro cresce a cada ano, mas ainda há espaço para uma oferta mais diversificada que atenda a todos os segmentos e orçamentos. A produção local de veículos eletrificados, que em 2025 ainda é incipiente, mas com planos ambiciosos de algumas montadoras, seria um divisor de águas, reduzindo custos e aumentando a disponibilidade.

Geração e Distribuição de Energia: A robustez da rede elétrica nacional é fundamental. O crescimento da frota de VEs exige planejamento para garantir que a energia renovável carregamento esteja disponível sem sobrecarregar a rede. Iniciativas de V2G (Vehicle-to-Grid), que permitem aos carros devolver energia à rede em momentos de pico, são promissoras para o futuro.
O Futuro é Agora: Além de 2025 e Rumo a 2035
A projeção de 57% dos motoristas com um VE até 2035 não é um limite, mas um marco no horizonte. O caminho até lá será pavimentado com mais inovações:
Baterias de Estado Sólido: Prometem maior densidade energética, menor tempo de recarga e maior segurança.
Carregamento Sem Fio: A conveniência da recarga indutiva, tanto em casa quanto em vias públicas, eliminando a necessidade de cabos.
Veículos Autônomos: A integração da eletrificação com a condução autônoma, transformando a forma como interagimos com nossos carros.
Hidrogênio Verde: Embora o foco esteja nos VEs a bateria, a tecnologia de células de combustível a hidrogênio pode desempenhar um papel importante, especialmente em veículos de grande porte e em regiões com abundância de hidrogênio verde, complementando a eletrificação.
O Brasil tem o potencial de ser um protagonista nessa revolução automotiva. Com uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, a adoção de veículos elétricos aqui tem um impacto ambiental ainda mais positivo do que em países que dependem majoritariamente de combustíveis fósseis para gerar eletricidade. O desenvolvimento do mercado veículos eletrificados Brasil é um caminho sem volta, que exige coordenação entre governo, indústria e consumidores.
Em 2025, estamos no meio de uma transformação sem precedentes. A decisão de optar por um carro elétrico é mais do que uma escolha de transporte; é um investimento em um futuro mais limpo, mais eficiente e mais silencioso. Os 57% de motoristas que terão um VE até 2035 não são apenas estatísticas; são pioneiros de uma nova era, e o Brasil está acelerando para fazer parte dela.

